domingo, 26 de dezembro de 2010

Relembrar é reviver

A personagem dessa série é Audrey Sarin, avó paterna do marido de Anwita. Audrey, filha de  imigrantes ingleses da época do Império Britânico na Índia, nasceu em Chittagong, East Bengal. A família foi realocada para Dehra Dun quando seu pai aposentou-se do exército inglês.

O futuro marido, o indiano Madan Gopal Sarin, conceituado médico neuro cirurgião da época, ela conheceu durante seus estudos de Enfermagem. Devido a profissão do Sr. Sarin, o casal morou em diversas partes do país. Muitas memórias de todas essas mudanças, algumas não tão boas, como a evacuação às pressas de uma área de conflito durante uma das guerras entre Índia e Paquistão.

Audrey era então a personagem perfeita, do alto de seus oitenta e poucos anos, conta e reconta suas histórias com uma força no olhar e pausa na voz que nos faz voltar no tempo.

O dia-a-dia londrino, conexão entre o presente e o passado serviu como inspiração para que Anwita acrescentasse o estilo retrô da capital em seus trabalhos. Dali surgiu o pano de fundo perfeito para que as histórias de Audrey adquirissem corpo e forma única.

“Peças de roupas velhas são usadas como telas e velhas fotografias são a inspiração para se representar e perpetuar as memórias. As marcas do tempo numa velha peça de roupa, contam uma história enquanto que a velha fotografia, desbotada e amassada nos faz lembrar de histórias e momentos vivos do passado. Reflexos de nossa memória, um espelho através do qual torna-se possível voltar no tempo e ver o que não foi visto e dito antes. Contudo o novo também está presente, acrescentando e questionando esse reencontro com o passado. Essas ferramentas de arquivo do passado são como uma pilha de lixo imaginário que não só absorve e preserva tudo, mas também gera algo novo continuamente”.
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“Nos meus experimentos interligo texto e imagens com tecidos, fazendo uso do rústico, vapor, fogo, recortes, postais antigos, descoloração, camadas e desconstrução. Os efeitos foram criados através de impressão na tela e transferência de impressão e bordado.


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“A inspiração deste trabalho veio da imersão com a maturidade, guardiã da nossa cultura, onde escondem-se tesouros a serem explorados. A história do narrador é representada pelo artista (meio) e percebida pelo público, trazendo junto diferentes gerações e percepções quando novas memórias são escritas. O tecido de nossas vidas está interligado com nossas memórias…” Anwita Sarin


2008 – 2009  Chelsea College of Art and Design, London - M A Textile Design


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www.anwitasarin.com
Fotos arquivo Anwita Sarin

Um comentário:

  1. Gente, fiquei estasiada com o trabalho desta senhora. Que forma mais interessante de perpetuar sua cultura e promover a arte. Matéria para lá de bacana, viu moçada? Beijãozão e saudadona.

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