sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Jaisalmer

O tempo passou rápido em Jaipur e chegou a hora de ‘picar a mula’ novamente, agora rumo a Jaisalmer. Não conseguimos achar trem disponível para esse trajeto, o jeito então foi atravessar o estado de busão. Existe aqui uma versão mais ‘muderna’ de ônibus, com os assentos tradicionais e em cima, no suposto bagageiro, ficam os sleepers ou camas. Como fizemos esse trecho de 13 horinhas a noite, optamos pelas ‘camas’, para tentar dar uma cochilada durante a noite.

Bom, confesso que foi uma experiência diferente. A princípio, eu diria chocante! Pensando novamente, eu diria que não foi tããão sofrido assim. Chacoalha um pouco, mas até deu pra tirar um cochilo. Ok, chacoalha muito e eu não dormi nada. Tô acabada, me sentindo a própria Rebordosa, hahaha…

Anyway, a chegada em Jaisalmer pela manhã, descemos do nosso ‘quarto sob rodas’ e como já tínhamos reserva na cidade, um tuk tuk já nos esperava. Chegamos no novo cafofo, descarregamos a mudança e o ânimo já mudou! Hora de bater perna.

O Forte de Jaisalmer não é diferente, construído em pedras tons de areia, a vista é de tirar o fôlego. Nenhum outro lugar poderia sugerir tão bem um passeio de camelo pelo deserto - a principal atração da cidade, construída em 1156. O forte é composto  for um emaranhado de ruinhas estreitas, repletas de artesanato, lojas de conveniência, vacas, cachorros, cabrinhas, templos, guest houses (pensões) e moradores locais, é claro.

Inclusive, uma significante parte da população da velha cidade reside dentro do forte, o qual possui 99 torres em torno de sua circunferência. O simples ato de caminhar sem compromisso pelas ruas deste museu vivo é pura diversão. Sobrando tempo e disposição, guarde espaço na agenda para os templos e palácio Maharaja. Parte de sua instalalão, o Fort Palace Museum é aberta ao público. Infelizmente nosso tempo estava curto e tínhamos outra prioridade para o dia seguinte, então pulamos essa parte.
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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Terra de marajá

Nosso popularizado termo marajá, vem do hindu maharaja, que eram os poderosos reis do deserto com suas terras fortificadas e luxuosos palácios. O remanescente de um passado rico e romântico, com ruínas ou restaurações evocando o esplendor original, fizeram com  que o Rajastão se tornasse um dos locais preferidos na lista dos viajantes.

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Teremos a oportunidade de conhecer apenas uma amostra do estado, mas já podemos dizer que o mesmo faz jus a toda a propaganda positiva existente. Terra de deserto, selva, camelos e tigres, pedras preciosas, prataria, arte e cultura vibrante. A fotografia é de tirar o fôlego e o povo alegre e acolhedor.

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O turismo é intenso e existem opções para todos os gostos e bolsos. Se tempo e dinheiro não forem o problema, não deixe de visitar o forte de Mehrangarh e lá de cima namorar Jodhpur, a cidade azul. Atravesse o deserto num safári de camelo e explore as dunas de areia de Jaisalmer. Deixe-se seduzir em Udaipur, a romântica terra dos contos de fadas.

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Ou bater perna pelas caóticas ruas da capital Jaipur por entre seus coloridos bazares. A pequena Pushkar é parada mística com seu lago sagrado. A lista é grande, então trace mais ou menos seu roteiro, agende as passagens de trem com antecedência, compre protetor solar e é claro, divirta-se!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Hotel Pearl Palace - Jaipur

Durante nossas andanças, já passamos por todo tipo de acomodação possível. Vida de mochileiro na Índia não tem frescuras e nem sempre encontramos a ‘caminha dos sonhos’, pra não falar dos banheiros! (Ai que saudade do meu troninho…)

Pra nos tirar do sufoco contamos sempre com a ajuda preciosoa do super companheiro de viagem, o guia turístico Lonely Planet India. Numa dessas paradas, em Jaipur, bingo, encontramos o Hotel Pearl Palace. Certamente é um hotel econômico, mas para o padrão econômico daqui, realmente foi um achado. E o mais interessante, os donos do estabelecimento, Sr. e Sra Singh estão sempre por perto interagindo com os hóspedes. O esforço e o carinho para manter a decoração  e o alto astral do local são nítidos.

Para nossa surpresa final, o hotel tem um charmoso restaurante no terraço, o Peacock Rooftop Restaurant, todo decorado de acordo com o artesanato local, com mesas e cadeiras temáticas super diferentes. Além disso, um cardápio variado, funcionários simpáticos e um deliciosos chazinho de gengibre e limão para esquentar a prosa. Perfeito!

Pearl Palace

www.hotelpearlpalace.com

Amber Fort

O Rajastão é só surpresas. Demos um pulinho no Amber Fort (Forte Amber) próximo a Jaipur e ficamos impressionadíssimos.

Já na chegada, o forte construído pelo marajá Man Singh, à partir de 1592, nos deixou de queixo caído. Do alto da montanha, seu tamanho e beleza comanda toda a paisagem da região e demonstra a riqueza deste período no norte da Índia.

A subida até o topo já é um passeio super gostoso, onde pode-se curtir não só o imponente forte, assim como outros fortes ao redor, além de um belo lago encravado na montanha. Uma vista que merece ser apreciada.

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A arquitetura Rajpur impressiona de diferentes formas, seja nos pequenos detalhes e delicadeza do acabamento, ou na grandeza de seus cômodos e muralhas. O Portal Ganesh, repleto de mosaicos e pinturas e o Hall da Vitória com suas esculturas e espelhos deixaram boas lembranças de nossa passagem por Jaipur e uma grande admiração pela arte e cultura local.

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Na volta para Jaipur ainda tivemos a chance de tirar algumas fotos do Water Palace (Palácio das Águas) que mesmo de longe, no meio do lago, merece uma paradinha para curtir o visual.

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Raj Mandir

Fim do dia em Jaipur é hora de curtir um cineminha, Bollywood é claro! O cinema Raj Mandir é o destino número um na Índia, para os amantes de filmes hindu e nós fomos lá conferir. Quase sempre lotado, tivemos que colocar em ação a ‘operação cotovelada’ e após um ‘chazinho de cadeira’ na fila, saímos intactos e felizes com nossos ingressos na mão.

O cinema, construído em 1976, tem toda a pompa das antigas salas de projeção, com uma recepção gigante, salas de estar, bar estilo anos 60 e decoração original que nos fez viajar no tempo. Para uma época quando ir ao cinema era um evento social, motivo para encontrar amigos e colocar o papo em dia. Pelo menos no Raj Mandir, o papel social do cinema ainda esta presente e percebemos que todo mundo chega bem mais cedo para encontrar os amigos, fazer uma boquinha e com certeza colocar a fofoca em dia.

Após alguns minutos curtindo esta viagem no tempo, as portas da sala de projeção se abriram e voltamos a realidade, todo mundo se espremendo para entrar na sala rápido e assegurar suas cadeiras, esquecendo que é tudo numerado e há espaço para todo mundo. Já sentados, curtimos o visual da imensa sala, que deve caber mais de 1000 pessoas. O telão fica escondidinho atrás das cortinas que se abrem para anunciar o início do show.

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Mas o melhor ficou por conta da platéia que vibra, grita e participa de tudo, parece até um jogo de futebol. Quando as cortinas se abrem é um grande alvoroso, o filme nem precisa começar para a platéia se divertir, alguns trazem até apitos de casa.

Qual era o filme? Então, o filme não era lá essas coisa, até porque sendo em Hindu não entendíamos nada, mas a diversão foi boa e valeu a experiência.

Uma pequena seleção de aclamados filmes que retratam a diversificação da indústria cinematográfica indiana:

1- Earth, Water and Fire (Deepa Mehta)

2- Slumdog Millionaire (Danny Boyle)

3- Being Cyrus (Homi Adajania)

4- Monsoon Wedding (Mira Nair)

5- Welcome to Sajjanpur (Shyam Benegal)

6- Lagaan (Ashutosh Gowariker)

7- Gandhi (Richard Attenborough)

8- Mr & Mrs Lyer (Aparna Sen)

9- The Darjeeling Limited (Wes Anderson)

10- Black (Sanjay Leela Bhansali)

Fonte seleção de filmes: Lonely Planet Índia 2009

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Jaipur - Rajastão

Nosso próximo destino na Índia é o Rajastão, terra dos marajás, fortes e desertos. Começamos pela cidade de Jaipur, capital do estado e ponto de partida para outras cidades.

Quando saímos da ferroviária foi aquela surpresa… parecia que estávamos na Índia :-) Muito barulho, poluição, motorista de rickshaws tentando fazer uma grana com os turistas, simplesmente o caos na terra. Mas já acostumados com os ‘desafios’ cotidianos, deixamos as malas na pousada e fomos desbravar a cidade.

A cidade velha de Jaipur é toda fortificada, mas com o crescimento rápido e desorganizado, as paredes da fortificação são quase imperceptíveis, escondidas entre prédios e inúmeros mercados que surgiram à sua volta. Nós tiramos o dia para passear por estes mercados.

O artesanato do Rajastão é muito famoso na Índia e também conhecido internacionalmente; trabalhos em madeira, metais, couro, tecelagem, pintura… Eta povo habilidoso! Os labirintos de corredores dos mercados da cidade são, provavelmente, o melhor lugar para conhecer um pouco deste talento e ao mesmo tempo aprimorar a arte da pechincha que por aqui não só é algo importante mas também questão de sobrevivência.

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No entanto, a parte histórica não se resume a mercados e existem monumentos espalhados por toda a cidade. O Hawa Mahal merece destaque, construído em 1799 pelo Marajá Sawaj Pratab Singh, chama atenção por sua beleza, sendo um bom exemplo da arte Rajput, e também por sua história.

As mulheres da família real eram proibidas de se misturar com a sociedade e principalmente com outros homens, assim, o Hawa Mahal foi construído para que elas pudessem observar a vida alheia e participar das manifestações populares que aconteciam por lá.

O prédio é composto por inúmeras varandas cujas paredes foram esculpidas em formato de colméias. Assim, a vida interior do palácio era preservada e ao mesmo tempo, oferecia uma visão única das ruas e cotidiano da cidade para quem estava do lado de dentro. E para nós, a introdução perfeita da cultura e arquitetura Rajput.

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domingo, 26 de dezembro de 2010

Ho Ho Ho!

Mesmo um pouco atrasadinhos, devido à falta de energia pelas bandas indianas, gostaríamos de desejar a todos um Natal de muita luz. Muito amor, paz, saúde, paciência, tolerância e, principalmente muita gratidão no coração. Então é isso, vamos manter o espírito natalino acesso 365 dias por ano!

Fé em Deus e pé na tábua geeeente!!!

Com amor,

Equipe Pé de Cachorro :-)
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Relembrar é reviver

A personagem dessa série é Audrey Sarin, avó paterna do marido de Anwita. Audrey, filha de  imigrantes ingleses da época do Império Britânico na Índia, nasceu em Chittagong, East Bengal. A família foi realocada para Dehra Dun quando seu pai aposentou-se do exército inglês.

O futuro marido, o indiano Madan Gopal Sarin, conceituado médico neuro cirurgião da época, ela conheceu durante seus estudos de Enfermagem. Devido a profissão do Sr. Sarin, o casal morou em diversas partes do país. Muitas memórias de todas essas mudanças, algumas não tão boas, como a evacuação às pressas de uma área de conflito durante uma das guerras entre Índia e Paquistão.

Audrey era então a personagem perfeita, do alto de seus oitenta e poucos anos, conta e reconta suas histórias com uma força no olhar e pausa na voz que nos faz voltar no tempo.

O dia-a-dia londrino, conexão entre o presente e o passado serviu como inspiração para que Anwita acrescentasse o estilo retrô da capital em seus trabalhos. Dali surgiu o pano de fundo perfeito para que as histórias de Audrey adquirissem corpo e forma única.

“Peças de roupas velhas são usadas como telas e velhas fotografias são a inspiração para se representar e perpetuar as memórias. As marcas do tempo numa velha peça de roupa, contam uma história enquanto que a velha fotografia, desbotada e amassada nos faz lembrar de histórias e momentos vivos do passado. Reflexos de nossa memória, um espelho através do qual torna-se possível voltar no tempo e ver o que não foi visto e dito antes. Contudo o novo também está presente, acrescentando e questionando esse reencontro com o passado. Essas ferramentas de arquivo do passado são como uma pilha de lixo imaginário que não só absorve e preserva tudo, mas também gera algo novo continuamente”.
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“Nos meus experimentos interligo texto e imagens com tecidos, fazendo uso do rústico, vapor, fogo, recortes, postais antigos, descoloração, camadas e desconstrução. Os efeitos foram criados através de impressão na tela e transferência de impressão e bordado.


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“A inspiração deste trabalho veio da imersão com a maturidade, guardiã da nossa cultura, onde escondem-se tesouros a serem explorados. A história do narrador é representada pelo artista (meio) e percebida pelo público, trazendo junto diferentes gerações e percepções quando novas memórias são escritas. O tecido de nossas vidas está interligado com nossas memórias…” Anwita Sarin


2008 – 2009  Chelsea College of Art and Design, London - M A Textile Design


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www.anwitasarin.com
Fotos arquivo Anwita Sarin

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Doce Anwita

Há dias venho quebrando a cabeça pensando no que escrever sobre um dos nossos melhores presentes em terras indianas. Um presente chamado amizade, e parece ser da boa, daquela tranquila e sem cobranças no final do mês e que, não pára de crescer.

Conhecemos Anwita em Londres através da querida amiga Andrea Park. Ambas estudantes de mestrado em Design de Tecido no badalado Chelsea College of Art. Um curso bastante desafiador, caro e elitista, mas também repleto de seres humanos interessantes, onde brotou a amizade fusion Brasil-Coréia-Índia. E mais adiante nessa história, depois do curso concluído e muita água ter passado debaixo da ponte, nós felizmente, tivemos a oportunidade de pegar carona nessa amizade.

Anwita deixou a Índia em 2008 rumo a Londres para se especializar na arte dos tecidos. Dona de um portifólio belíssimo, não foi tarefa difícil ser aceita na pós-graduação. O  mais complicado nessa história certamente foi sobreviver na selva de pedra londrina. Vida de estudante imigrante não é brincadeira… é preciso abrir o coração para assimilar uma cultura diferente, saber lidar com a distância, a falta de dinheiro, saudade e a pressão do curso. Mas certamente a possibilidade de estudar numa das melhores escolas do Reino Unido, supera qualquer dificuldade.

Anwita é uma guerreira Hindu, dona de olhos misteriosos  e apaixonantes. Guerreira contemporânea, uma artista que nasceu numa das sociedade mais tradicionalistas e fechadas da era moderna. Ser mulher com voz ativa e ter poder de escolha num mundo machista é uma missão quase impossível, muitas vezes com final triste. No caso dela, ainda muito jovem, foi preciso fazer uma escolha. Essa é a história… filha de ex-militar, vinda de uma família Hindu super tradicional, com direito a linhagem, casta e casamentos arranjados. Tudo como manda o figurino. Ou quase tudo…

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Quando tinha 18 anos, o pai arrumou o pretendente ‘perfeito’ e ela disse ‘não’. À partir desse dia a coisa azedou. Ela saiu de casa, enfrentou a grande Deli e ali começou a vida do zero. O pai ainda tentou reorganizar o casamento, mas novamente, ela foi taxativa. Na capital ela chegou a comandar a produção de  uma fábrica de tecidos e assim pôde sobreviver e mobiliar seu cantinho, ponto de encontro dos amigos.

Trabalho vai, trabalho vem, entre uma pausa e outra, ela conheceu Arun, com quem é casada há 5 anos. Só um pequeno detalhe, sua família inglesa-indiana é de origem cristã-católica. E a sociedade tradicional hindu não vê com bons olhos essas mistura de credos. A união criou força e o casório aconteceu mesmo com a desaprovação do pai. O casal juntou as economias e os amigos fizeram um multirão para ajudar. Como previsto, seu pai não compareceu, e contra sua vontade, a mãe, irmã e alguns parentes de Anwita, prestigiaram a simples e bela cerimônia hindu, como manda a tradição, ou parte dela pelo menos.

Com o apoio do maridão, o casal fez uns empréstimos pela cidade para que Anwita pudesse estudar em Londres. Ela já foi e já voltou e finalmente, as contas estão pagas. O curso foi uma super escola; vivência, bagagem profissional e pessoal. A readaptação à Índia provinciana acontece a cada dia. Seu pai ainda não conhece o genro. Ela, a mãe e a irmã se falam de tempo em tempo.

Após 5 anos, pela primeira vez desde o casamento, Anwita visitou o pai por motivo de saúde. Na medida do possível a conversa fluiu, mas Arun teve que esperar do lado de fora. O encontro dos dois ainda não aconteceu e não há planos para que aconteça. Já que os hindus acreditam em reencarnação, quem sabe numa próxima vida esse paizinho amado, do qual ela guarda tão boas lembranças, tenha mais tempo para digerir com o coração o bicho chamado ‘diferença’ e o bicho mor, rei da selva de pedra chamado ‘tolerância’... Tolerância e respeito pelas diferenças começam dentro de casa, meu povo. É o que nós esperamos e desejamos ao mundo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A aventura continua

No segundo dia, saímos em nosso primeiro safari de jipe, antes do amanhecer quando há mais chance de ver animais selvagens, inclusive, os tigrinhos. Mas o que chamou nossa atenção foi a beleza da reserva, em menos de 30 minutos dentro de um jipe, passamos por diversos cenários; matas fechadas, campos, rios rochosos e, tudo isso acompanhado da beleza dourada do nascer do sol.

Os animais não demoraram a aparecer e era possível ver diferentes tipos de veados, javalis e muitos pássaros durante todo o percurso. Encontramos alguns vestígios dos tigres, mas a fera ainda não tinha mostrado a cara.

Quase no fim da manhã tivemos uma surpresa super agradável… Encontramos uma família de elefantes selvagem. Apesar de ter curtido muito essa turminha da pesada no Nepal, nada se compara a vê-los soltos, em seu habitat natural, e seu tamanho e energia impressiona e contagia todo mundo, especialmente quando vistos de tão perto.

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Após a partida dos elefantes, continuamos seguindo os sinais do tigre, mas não tivemos muita sorte e voltamos para nossa base com o sentimento de que ainda tínhamos um trabalho a cumprir.

Mas como dizia um velho amigo, “retroceder nunca, render-se jamais”! Saímos à tarde em nosso segundo safari, desta vez de elefante. O período da tarde não é táo bom para ver animais, mas nada como uma boa desculpa para curtir as belezas do parque de cima de um elefante. Como já era previsto, não tivemos nenhum sinal dos felinos, mas aproveitamos cada minuto do nosso fim de tarde na mata, do alto de nossos amigos de trombas.

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Em nosso último dia, saímos novamente de jipe a procura do tigre. Nossos guias estavam sedentos para achar a fera, Com atenção dobrada começaram a encontrar sinais espalhados pelo parque, uma pegada aqui, um coco de tigre ali, veados assustados, tudo indicava que hoje era o dia. Mas acabou que passamos mais de três horas no jipe e não encontramos o que tanto procurávamos. Sorte nossa que pelo menos tivemos a oportunidade de curtir o parque por mais uma manhã tão bonita.

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Agora era pegar as mochilas e subir no jipe rumo à civilização. Em um percurso de quase três horas ainda tínhamos esperança de conseguir a tal foto... A viagem começou bem, um pegada aqui, outra ali, mais um cocozinho lá e muitos animais assustados.

A tensão no jipe era grande… meu Deus, será que chegou a hora do tigre??? E se acontecesse, conseguiríamos tirar uma foto, ou nos borraríamos todos de medo do bichão???

A resposta estava há algumas curvas, quase na saída do parque… tchram tchram! A fera, ali deitada, só nos esperando para o click perfeito.

Espero que curtam a foto pois nós curtimos cada minuto deste passeio…

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Foi mal Fabiano, mas o tigre de verdade fica para a próxima. :-)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A hora do tigre

Depois de uma boa noite de descanso para curar o cansaço de dois dias na estrada, acordamos bem cedo para pegar o jipe de Ramnagar para Dhikala, dentro do Corbett Tiger Reserve.

Durante nossa passagem por Chitwan – Nepal, um grande amigo e seguidor do blog reclamou que não tínhamos fotos de um tigre. Não querendo desapontá-lo, embarcamos nesta aventura em Corbett, uma das melhores reservas naturais para ver tigres na Índia.

Não só escolhemos um dos melhores pontos para encontrar o bichano, mas também aprimoramos nossa técnica de ‘caça’, com máquinas fotográficas e muitos olhares atentos. Desta vez ficamos três dias hospedados no meio da selva, fazendo safaris de jipe e elefante. O tigre não tinha mais para onde correr.

O nosso percursso mata adentro durou mais de duas horas e já foi uma grande surpresa, a cada minuto a vista ficava mais bonita e nós mais felizes por estarmos ali. No meio do caminho fizemos uma paradinha rápida para curtir o visual e tivemos a chance de avistar alguns crodocilos e ‘peixinhos’ quase do tamanho dos nossos amigos répteis. O guia encontrou também algumas pegadas de tigres que mostrava que nós realmente estávamos no caminho certo.

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Quando chegamos nos alojamentos, a surpresa foi ainda maior, esperávamos ficar num barraco de madeira no meio da selva, mas na verdade encontramos uma pequena vila, super confortável, com restaurante e biblioteca, na beira de um lago maravilhoso. Poderíamos passar o mês inteiro ali ‘zzzem’ problema algum! hehehe…

No primeiro dia ficamos próximos à nossa toca, descansando, comendo, lendo e curtindo as belezas naturais. Um luxo, da nossa varanda mesmo já era possível ver muitos macacos, pássaros e veados, além de curtir o visual do lago e a vegetação abundante da região.

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Confesso que nos divertimos muito com os macacos, super atrevidos e sem educação! Estão sempre procurando uma oportunidade para roubar um chapéu, saco de comida ou até mesmo um óculos de sol. Essas figurinhas sem vergonha jogam a nosso favor e a falta de medo de seres humanos faz com que eles fiquem sempre confortáveis a nossa volta proporcionando momentos de muita intimidade, se é que vocês me entendem, hehehe…corbett2

Cenas do próximo capítulo…

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Pé de Cachorro na estrada

A verdadeira Índia só se conhece na estrada. Deixamos Dharamsala e seguimos com nossos amigos rumo a Corbett Tiger Reserve. A distância não é tão grande, algo em torno de mil quilômetros, mas por aqui isto significa quase dois dias de viagem.

O movimento da estrada em si, já é algo bem diferente e curioso. Além de carros, ônibus e caminhões, o percurso é também dividido com bicicletas, pedestres (no meio da estrada, é claro), gado, tuk-tuk, mercados ambulantes, elefantes, veículos não identificados e muito mais.

As regras de trânsito (se é que elas existem por essas bandas) não são muito claras, e andar na contra-mão ou fora da estrada e, ultrapassar pelo lado errado fazem parte do dia-a-dia de qualquer motorista. A única regra seguida por todos é a da buzina: pode fazer merda (perdoem o vocabulário, mas é isso mesmo), uma atrás da outra, mas não deixe de buzinar. É buzinando que a gente se entende! E de uma certa forma – do jeito deles, parece que funciona.

Nesse ritmo ‘mucho loco’, a maioria dos estrangeiros leva um tempo para relaxar e parar de rasgar o banco do carro (risos). Essa bagunça também reflete no tempo de viagem, a média aqui raramente passa de 50 km/h, ficando muitas vezes em 40 ou até 30 zzzzz… Acorda o motorista gente!

Passado o ápice da tensão, a viagem de carro continua colorida, com um riqueza de detalhes de encher os olhos… começando pelos caminhões que por aqui são individualmente decorados (conhecido como truck art), e continua na variedade de vida pararela às estradas e outras surpresinhas pelo caminho.
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Tivemos a oportunidade de cruzar um Haat (mercado) de domingo que acontece teoricamente nas margens da rodovia, mas que, devido ao grande movimento, invade e divide o espaço com carros e caminhões.
No nosso segundo dia de viagem, aproveitamos para almoçar em Rishikesh, às margens do Rio Ganges, onde conhecemos um pouco mais da cultura e costumes hindus, além de curtir a beleza de um dos rios mais famosos e importantes do continente asiático.

O Ganges é considerado sagrado pelos hindus e ao longo de suas margens é possível encontrar muitos centros de peregrinação e templos religiosos. No pouco tempo que ficamos em Rishikesh, perambulamos entre vários templos. E ainda curtimos o visual do rio, cheio de pessoas se banhando em suas águas sagradas e reverenciando os seus deuses. rio ganghi 05-121
Após dois dias de viagem e muita tensão, ou melhor diversão, chegamos em Ramnagar para passar a noite e esperar um jipe que pela manhã nos levaria para dentro do Corbett Tiger Reserve onde pretendemos curtir mais um pouco das belezas naturais da região. Mais aventura com certeza.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Até a próxima

Nossos dias no Ashram foram super especiais, mas chegou a hora de partir, novamente… Fica aqui nosso carinho e gratidão a essas pessoas queridas que nos acolheram tão bem. Esperamos reencontrá-los num futuro breve.
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sábado, 18 de dezembro de 2010

Mão na massa

A melhor forma de aprender a cultura de um povo é conhecendo sua culinária. Aproveitando os nossos dias em Dharamsala, fui fazer um curso de culinária tibetana. Nada muito profundo, uma vez que só tinhamos um último dia na cidade, mas suficiente para fazer uma aula sobre ‘momos’.

O nome é engraçado, soa mais como algo italiano, consigo até imaginar a mama trazendo aquele pratão de momos. rsrsrsrs… Mas é tibetano e muito gostoso.

Nosso professor, Lhamo, atravessou o Himalaia fugindo da repressão chinesa quando tinha apenas quinze anos e hoje com mais de 30, casado e com crianças nascidas na Índia, trabalha como chef em alguns restaurantes de Dharamsala e cada vez mais se dedica as aulas de culinária tibetana.
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Entre uma receita e outra, aproveitamos para conversar e conhecer um pouco de suas experiências como refugiado na Índia. Desde quando fugiu do Tibet, Lhamo nunca mais falou com seus pais, que ainda moram isolados em uma vila no interior do país e a única forma de ter notícias de sua família é através de sua irmã que mora na cidade e consegue ligar pra ele de vez em quando.

Voltando a aula, momo é um pastelzinho tibetano, normalmente salgado, mas que pode ser feito doce para servir como sobremesa. Cozido no vapor, vem com diferentes recheios – a imaginação é o limite – e geralmente servido com um molho de tomate parecido com ketchup e pimenta. Durante o curso experimentamos com molho de soja e, com mel para a sobremesa;  as duas combinações ficaram ótimas.
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Fizemos três combinações diferentes, espinafre com queijo, combinado de vegetais e um doce a base de gergelim. A receita é bem simples e em pouco mais de duas horas aprendemos a fazer a massa, recheios, montar os pasteizinhos (que é a parte mais difícil) e cozinhar nossos ‘filhinhos’, antes de finalmente saborear o resultado da aula.

Recomendo o programa… bom para encontrar novos amigos, aprender a fazer algo diferente e de quebra ganhar um belo almoço tibetano feito por várias mãos.

A receita eu passo quando retornar ao Brasil e, prometo fazer uma noite de momos na nossa casa.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Norbulingka

Hoje tivemos a oportunidade de conhecer um pedacinho do céu, um lugar onde a natureza e tranquilidade ainda prevalecem. Esse mundo à parte do caos do dia-a-dia fica localizado nas proximidades de Dharamsala. Árvores, pedras, cachorros, bancos de madeira, fontes de água e um grande jardim japonês cercam os prédios do Instituto Norbulingka, criado com o intuito de manter a cultura tibetana viva.
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Após a invasão chinesa no Tibet em 1950, a cultura do país tornou-se ameaçada devido à destruição de vários aspectos da identidade tibetana. Monastérios e estátuas ficaram em ruínas, milhões de livros foram queimados. Estudiosos e religiosos foram perseguidos, artesãos e artistas foram obrigados a abandonar sua profissão.

O centro Norbulingka também trabalha  para ampliar a consciência internacional em relação aos valores tibetanos e suas expressões na arte, design e literatura. Ocasionalmente, a casa oferece emprego à comunidade tibetana local, além de diversos treinamentos como escultura em metal, trabalhos em madeira, pintura e tecido. O treinamento exige dedicação dos estudantes, que ao final dos cursos são submetidos a provas de aptidão.

Em tibetano Norbulingka significa "O Jardim do Tesouro". A real Norbulingka localiza-se em Lhasa, capital do país e foi construído à partir de 1755 pelo sétimo Dalai Lama. O palácio em torno do parque servia como residência de verão, centro administrativo e religioso dos sucessivos Dalai Lamas da década de 1780 até o exílio do 14º Dalai Lama em 1959. É uma representação única da arquitetura palaciana tibetana.
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Conheça mais: www.norbulingka.org

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Conheça Tenzin Tsundue

Durante nossa estadia em Dharamsala, tivemos o privilégio de nos hospedar em um Ashram onde um de nossos amigos mora e conhecemos uma tchurma da pesada – no bom sentido, é claro. Como o tempo estava bem frio, passavamos as noites ao redor de uma lareira improvisada (feita de um balde de lata), lendo, conversando, e conhecendo um pouco mais sobre as dificuldades encontradas pelos tibetanos exilados na Índia e sua luta por liberdade.
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Uma das pessoas que conhecemos no Ashram, Tenzin Tsundue, é poeta e ativista tibetano. Boa parte de sua vida foi dedicada a poesia e, principalmente, luta pela independência do Tibet. Nossas noites ao redor do fogo, serviram para escutar um pouco de suas poesias, histórias e dificuldades encontradas nesta luta contra um inimigo tão grande e poderoso.

Após concluir sua faculdade, iniciou uma jornada em direção ao Tibet, enfrentando tempestades de neves e montanhas perigosas, cruzando o Himalaia a pé para chegar ao seu país onde planejava checar a situação local e apoiar o movimento de libertação do país. Mas logo na fronteira foi detido pela polícia chinesa e ficou preso por cerca de três meses, sem saber seu destino, até ser expulso da China e devolvido à Índia.
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As dificuldades encontradas nesta jornada nâo desanimaram Tenzin, e ao contrário, o tranformaram em um ativista muito mais focado e certo de suas convicções. Em 2002, foi manchete de jornais do mundo inteiro, quando escalou 14 andares de um andaime colocado ao lado do hotel onde o então primeiro ministro chinês participava de um encontro com empresários indianos e abriu um bandeira tibetana e faixa com os dizeres “Free Tibet”, além de gritar slogans pró libertação do Tibet. Ele foi preso novamente, mas desta vez pela polícia indiana.

Mas a luta continua, e em 2005 na visita de outro primeiro ministro chinês a cidade de Bangalore, novamente na Índia, Tenzin conseguiu mais uma vez quebrar o cerco policial, estendendo suas faixas e jogando panfletos pró libertação do Tibet, desmoralizando a polícia indiana e o governo chinês na frente da mídia mundial. E é claro, terminou na cadeia mais uma vez.

A partir desta data, quando há uma visita oficial chinesa na Índia, Tenzin é monitorado de perto pela polícia e proibido de sair de Dharamsala, mas isso não o impede de fazer muito barulho de outras formas…

Em 2008, Tenzin marchou no norte da Índia, junto com dezenas de outros ativistas, novamente rumo à fronteira do Tibet. No entanto, o governo indiano apesar de acolher os exilados tibetanos, os proíbe de fazer manifestações públicas contra a ocupação chinesa. Não que eles sigam esta regra ao pé da letra, mas como a manifestação estava criando uma repercursão muito grande, o governo resolveu por panos quentes na situação e começou a prender todo mundo para evitar constrangimentos com seu vizinho comunista.

Muitos manifestantes, incluindo Tenzin, resistiram e continuaram a marcha, mas quando estavam quase chegando na fronteira, depois de andarem por quase 100 dias foram finalmente detidos e mandados para prisões longe da fronteira.

Tenzin, em liberdade novamente, continua envolvido com o movimento pró-libertação do Tibet e sempre tenta criar algo novo para charmar atenção para a causa.

Foi uma experiência super bacana passar uns dias em sua casa e conhecer um pouco as histórias deste povo tão sofrido e, assim mesmo, amigável e positivo.

Para conhecer um pouco mais sobre Tenzin Tsundue e atividades desenvolvidas pelo grupo Friends of Tibet, acesse http://www.friendsoftibet.org/

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Dharamsala

 

O dia foi extremamente cansativo. Saímos de Deli as 7 da manhã e chegamos por volta da meia noite no nosso destino. Passamos o dia todo – 5 pessoas - dentro de um carro pequeno, entupido de mala, no zig zag da montanha; estradinha sem acostamento, faixa única e é lógico, com direito a vacas, rebanho de cabras, carros de bois, muitos caminhões e até carros (risos) no caminho. E tenho uma novidade, apesar de tudo isso, dessa vez eu não passei mal! Aleluuuuia!

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Além de toda hospitalidade dos nossos amigos em Deli, de quebra ainda recebemos esse convite muito especial, visitar Dharamsala. Além de ser uma vila acolhedora e charmosa no alto de uma montanha, o que torna esse lugar ainda mais especial é que aqui reside o Dalai Lama. E  não é só isso… Arun e Anwita nos apresentaram um amigo muito especial, Abhishek Madhukar, mais conhecido como Madi.

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Madi é jornalista, correspondente internacional da Reuters em Dharamsala. Tivemos a sorte então de conciliar nossa visita com a presença de sua Santidade nas montanhas, devido a visitação de um grupo budista russo. As audiências públicas no monastério parecem ser abertas à comunidade local. Na verdade, nós entramos de lambuja mesmo, graças ao amigo jornalista! rs… O esquema de segurança é fortíssimo e nem câmeras e celulares são permitidos no local.

O pátio do monastério  é bem grande e é destinado aos locais. O primeiro piso é restrito aos convidados. Nós nos misturamos com os moradores locais e de quebra conseguimos um rádio com tradução simultânea para o inglês dos ensinamentos que o Dalai Lama estava pregando no dia, chazinho e até um pão fresco.

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Nunca pensamos que teríamos a chance de vê-lo pessoalmente e muito menos usufruir um pouco de sua sabedoria. Algumas pessoas, independentemente de seu credo, têm uma energia muito positiva e conhecimento para repartir, Dalai Lama é com certeza parte deste grupo seleto e contagia com energias positivas qualquer ser humano ou grupo a sua volta.

O frio estava de doer as costas, mas com certeza, valeu muito a pena, foi uma experiência única fazer parte daquele momento.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Grande Deli

Sim, é muito tumultuada, poluída e extremamente barulhenta. Aqui reina o caos, o trânsito é absurdamente terrível, a miséria é explícita, não existem filas e os banheiros também deixam a desejar. Dilli, como é conhecida localmente, é a maior metrópole por área e a segunda maior metrópole em população da Índia, com mais de 12,5 milhões de habitantes.

A cidade é pra lá de apimentada e é fato que a Deli belly, mais conhecida como diarréia, vai te pegar. Pegou…

Turista avisado sempre tem um remedinho para essas ocasiões no kit primeiros socorros. Então, reidrate-se, faça o nome do pai e vá com fé curtir o momento Dilli-ka-chaat, ou comida de rua de Deli, uma diversão cultural e ‘pimento-gastronômica’ que não pode ficar fora do roteiro.

Uma cidade recheada de história sob suas ruínas e monumentos, uma metrópole que também sabe ser opulenta e moderna com seus mundos diferentes. Antiga Deli com seu barulho frenético, foi um dia capital da Índia islâmica, já os britânicos escolheram Nova Deli como capital do antigo império.

Existe ainda uma Deli mais jovem e vibrante, onde brotam lojas, galerias, estúdios, restaurantes, fast food, escritórios e apartamentos. Além de museus, tradicionais templos, mesquitas e bazares. Aqui tem de tudo, para todos os gostos e bolsos.
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Deli em números

População: aproximadamente 12,5 milhões
Línguas: Hindi, Inglês, Hurdu e Punjabi
Temperatura: Verão 46 a 30 graus - Inverno 22 a 4 graus
Museus: Sob os mais variados temas, são 22
Grandes centros religiosos: São mais de 40 representando diferentes credos de todo mundo
Parques: 13

Fonte: Secretaria de Turismo da Índia e Lonely Planet Índia 2009.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cinema Portátil

Isso mesmo, tecnologia 100% indiana. Já vem com rodinhas, pode ser transportado para os principais pontos turísticos de Deli e funciona com uma manivela tocada pelo seu proprietário.

O ‘filme’ é uma colagem de fotos de revistas que são passadas em sequência com uma super trilha sonora indiana. Por 10 rupees (menos de R$ 0,50) você pode ver através das lentes desta caixa mágica e usar a criatividade para criar sua própria história durante os poucos e divertidos minutos de sua duração.

Um bom exemplo do jogo de cintura do povo indiano na hora de defender o pãozinho de cada dia.
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Programa cultural

Hoje tivemos a companhia especial da nossa amiga Anwita, além de um belo dia ensolarado, presente em dose dupla, não poderia ser melhor. Pegamos o Tuk Tuk rumo a Galeria Nacional de Arte Moderna, onde tivemos a oportunidade de ver a exibição do arquiteto e escultor indiano Anish Kapour.

Nascido em Bombaim (Mumbai), Kapoor viveu e trabalhou em Londres desde o início dos anos 70 quando mudou-se para estudar arte, primeiro no Colégio Hornsey de Arte e depois na Chelsea School of Art and Design.

As obras de Kapoor são freqüentemente simples, no formato de curvas gigantes, geralmente monocromáticas e coloridas. Na maioria das vezes, a intenção é envolver o espectador, produzindo assombro pela sua dimensão e beleza simples, evocando o mistério através das cavidades das obras no escuro, também pelo tato e fascinação de suas fachadas reflexivas.
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Fontes – Sentido horário: 1 – Saatchi Gallery website, 2 - Nottingham Playhouse, 3  - Performance Structures and Public Art Fund, 4 Anish Kapoor website


Seguimos para o Jardim Lodi, um oásis no coração da capital, ponto de parada para recarga das baterias. Os jardins e monumentos medieval construídos entre os séculos 15 e 16, dão um charme único ao parque. Existem várias tumbas no local, além da mesquita Bara-Gumbad (1494) erguida em pedras e azulejos coloridos.
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Resolvemos andar do parque até nosso próximo destino, o bazar Dilli Haart. Apesar do sol forte, a caminhada pelas surpreendentes ruas arborizadas da região foi uma boa pedida.

Localizado bem no centro de Nova Deli, Dilli Haat é o paraíso dos turistas com seu artesanato  diversificado e praça de alimentação que cobre grande parte da culinária do país. Espalhado por 6 hectares de terra, o mercado a céu aberto está situado sobre o Sri Aurobindo Marg, em frente ao mercado INA. Já são mais de 60 barracas e pequenas lojas dentro do complexo. Para expor no local, é preciso ficar na fila. O espaço é viabilizado por 15 dias, depois disso é realocado para que outros artesãos também tenham a oportunidade de mostrar e vender seus produtos.
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Uau… que dia comprido! Ainda não satisfeitos com a maratona cultural, esticamos nossas perninhas até o Gurudwara Bangla Sahib, construído em 1783, dizem ser a casa de culto Sikh mais proeminente de Deli.

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Situado perto de Connaught Place, em Nova Nova Deli, o templo é imediatamente reconhecível pela sua impressionante cúpula dourada. O Siquismo é uma religião monoteísta fundada no século 15 no Punjab como resultado de um sincretismo entre elementos do hinduísmo e do misticismo do islão. É a quinta maior religião organizada no mundo e uma das que mais cresce.

Chega de fazer turismo por hoje! Finalmente chegou a hora do jantar. Outro tuk tuk, mais uma meia horinha para cruzar a cidade e fazer a merecida pausa para o lanche. Estamos exaustos e depois de amanhã o dia será compriiido, serão umas 12 horas de estrada rumo a Dharamsala… já estou me preparando psicologicamente aqui, cenas do próximo capítulo.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Descubra a Índia

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A Índia é o sétimo maior país do mundo, ocupando aproximadamente 3,3 milhões de quilômetros quadrados,  ou praticamente a mesma área de toda a Europa. Localizada estrategicamente na Ásia, está a oeste da África e Arábia Saudita e a leste de Miamar, Malásia e Indonésia. Geograficamente, a cadeia dos Himalaias separa o país do restante da Ásia.


As primeiras civilizações do mundo nasceram aqui. Sua cultura anciã influenciou o desenvolvimento humano nos quatro cantos do mundo. Não foi por conquista ou exploração que o país tornou-se referência, mas sim por seu povo, suas artes, idéias, filosofias e idealismo. Onde quer que você vá, irá se deparar com centenas de séculos de história e tradição, lado a lado com a Índia da modernidade.
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Viajando ao seu extremo norte, encontra-se parte dos Himalaias, já no extremo sul, encontram-se suas praias ensolaradas de água calma. As atrações e diversidades são proporcionais ao tamanho do país, algo como visitar dezenas de países, num só país.


Mudam não apenas o clima e a vegetação, mas também as habitações, roupas, línguas, costumes e até uma forte variação em como as pessoas seguem suas religiões. Dizem que apenas uma vida não é tempo suficiente para se desbravar o ‘planeta Índia’. Então, vamos curtir ao máximo essa oportunidade e esperamos reencontrá-la por esse mundão de Deus.
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sábado, 11 de dezembro de 2010

Conhecendo o território

O dia de hoje começou bem desacelerado. Acordamos quando o olho abriu e olha que isso demorou a acontecer. Confesso que fiquei surpresa. Se vocês vissem nossa acomodação atual, iriam entender (risos)…

Depois da recepção super querida dos nossos amigos, ficou mais fácil encarar a cidade grande, onde tudo acontece em proporções gigantes. Começamos o dia num restaurante local, onde experimentamos um curry vegetariano com arroz e pão fresco. Como vai muita pimenta em tudo, nossa escolha foi baseada nas opções mais leves de temperos; paneer, um queijo com cara de tofú com molho de tomate e também batata com ervilha ao curri. Mesmo assim, é de fazer o nariz escorrer.
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Barriga cheia, pé de cachorro na areia! À tarde, tivemos nossa primeira real impressão de ter chegado na super povoada capital da Índia. A estação de metrô, Chandni Chowk já chama a atenção pelo tamanho, outro fato curioso é que existem detectores de metal e revista individual em cada estação. Existe fila masculina e feminina, e as mulheres têm direito a um cantinho com mais privacidade na hora do baculejo. Todo esse processo faz com que na hora do rush, as filas das estações fiquem quilométricas.

Os vagões transbordam de tanta gente, mas mesmo assim, ainda é um tumulto organizado. Descobrimos também que o vagão da frente, na ponta do trem, é destinado às mulheres. Sob a vigilância de uma guarda feminina, parece que todo mundo respeita a atual estrutura. A influência britânica no ‘underground’ é fortíssima e determinadas estações lembram Londres.

Hoje nos aventuramos por um trecho da parte antiga de Deli - Old Delhi, repleto de barraquinhas de comida e roupa, ambulantes e muito trânsito; bicicletas, ônibus, carros, algumas vacas e os engraçadinhos tuk tuk verde amarelo motorizados, aqui também chamados de autorickshaw. Nosso destino era o Red Fort, uma cidade fortificada construída no século 17  pelo imperador Mughal Shah Jahan.
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O lugar serviu como a capital do Mughals até 1857, quando o imperador Mughal Bahadur Shah Zafar foi exilado pelo governo britânico da Índia. Hoje em dia o local é bem turístico, assim como um poderoso símbolo de soberania nacional. Todos os anos, no Dia da Independência, o Primeiro Ministro da Índia levanta a bandeira do país em frente ao portão principal do forte. O complexo foi designado pela UNESCO como Patrimônio Mundial em 2007. Para nossa tristeza, o lugar não está aberto a visitação e tivemos que nos contentar com as fotos do portão.

Por sorte, estávamos perto da mesquita Jama Masjid, também na parte antiga de Deli, próximo ao  Bazar Chawri Road. Esta é a maior  e mais conhecida mesquita da Índia, já que Deli abriga grande parte da comunidade muçulmana do país. A mesquita também foi encomendada pelo imperador Mughal Shah Jahan, que construiu o Taj Mahal, e concluída no ano 1656 dC.
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Belíssima arquitetura, com um pátio aberto que abriga harmoniosamente povos de várias religiões. Uma grande diversão para os olhos. Seja hindu, budista, islâmico, cristão, tibetano ou qualquer outra escolha, aqui há espaço para todos os credos.

Fonte: Secretaria de Turismo da Índia e Lonely Planet India 2009

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Agora é India

O período que passamos no Nepal foi fantástico e já estamos com saudades, mas agora é hora de desbravar a Índia. Nosso primeiro destino é Deli.

Anwita e Arun, um casal de amigos que moram na cidade foram nos buscar no aeroporto. Não poderia ser melhor, chegar num país novo com pessoas do local pra te receber é um luxo.

À tarde já tivemos uma boa surpresa, quando estávamos passeando por Connaught Place, região central e turística da cidade, nos deparamos com a Segunda Parada Gay de Deli. Comparada aos eventos europeus ela ainda é uma criança, com proporções bem menores, mas não deixa de ser interessante.

Foi legal ver que os direitos humanos e de escolha estão sendo mais respeitados por aqui. Até pouquíssimo tempo, manifestações como esta eram consideradas ilegais no país. Apesar da evolução, a situação ainda não é das melhores para os homossexuais do país e a maioria ainda sofre pesada discriminação e muitas vezes são vítimas de agressões em casa e também nas ruas.

Alegria, criatividade e muita cor estão sempre presente nestes eventos, mas aqui era possível sentir também um pouco de apreensão, com muita gente preferindo cobrir suas caras, evitando assim dores de cabeças no dia seguinte. Para garantir que tudo corresse sem problemas, a manifestação terminou em uma rua no centro de Nova Deli, em frente a uma base da polícia que garantiu um final tranquilo e sem repressão aos manifestantes.
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De lá seguimos para ‘Delhi Gate’, um memorial em homenagem aos soldados mortos na Primeira Guerra Mundial. O lugar a noite é bem bonito, mas fomos novamente surpreendidos por algo que não esperávamos por aqui… Uma banda militar tocando rock & roll da pesada, acredita? Isto é o que podemos chamar de Nova Deli. Aínda tivemos tempo para curtir alguns petiscos indianos nas barraquinhas em volta do memorial. Pimenta que não acaba mais.
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