terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O sonho

“Deve existir um lugar na terra onde nação nenhuma possa clamar como sua e os homens de boa vontade que têm uma sincera aspiração possam viver livres como cidadãos do mundo e obedecer a uma única autoridade, aquela da suprema verdade.

Um lugar de paz, concordância e harmonia onde todos os instintos humanos de luta sejam usados exclusivamente para conquistar as causas do sofrimentos e tristezas, para superar fraquezas e a ignorância e triunfar sobre limitações e incapacidades. Um lugar onde as necessidades para o espírito e a preocupação pelo progresso tenham prioridade sobre a satisfação dos desejos, paixões e procura pelo prazer e satisfação material.

Neste lugar, as crianças teriam a possibilidade de crescer e se desenvolver integralmente, sem perder contato com a alma; educação seria dada não com o propósito de aprovação nos exames ou obtenção de certificados e postos, mas para enriquecer as faculdades humanas já existentes e trazer outras mais.

Neste lugar, títulos e posições seriam substituídos por oportunidades de servir e organizar; as necessidades físicas diárias de cada um seriam tratadas igualmente; e superioridades intelectual, moral e espiritual seriam expressadas numa organização maior, não no aumento dos prazeres e poderes, mas pelo aumento das tarefas e responsabilidades de cada um.

A beleza, em todas suas expressões artísticas, sejam elas pintura, escultura, música e literatura seriam igualmente acessíveis a todos; a habilidade de dividir e a satisfação que a mesma traz seriam limitados apenas pela capacidade de cada um e não por posição social ou financeira.

Nesse lugar ideal, dinheiro não mais seria o todo poderoso; pessoas valiosas teriam uma importância muito maior que aquela do mundo material e status social. Lá, trabalho não seria uma maneira de sobreviver, mas sim de se expressar e desenvolver capacidades e possibilidades, enquanto estando a serviço da comunidade como um todo, o que por si, proveria a subsistência do indivíduo e sua participação na comunidade.

Em suma, seria um lugar onde os relacionamentos humanos, que são normalmente baseadas na competição, seriam substituídas por relacionamentos na intenção de se fazer o bem, de colaboração e real irmandade”.

 

Mirra Alfassa – “A Mãe”, Agosto 1954

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