segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Zig zag a caminho de Lumbini

Depois de uns dias bem gostosos em Pokhara, resolvemos partir para Lumbini no sul do Nepal, na divisa com a Índia.Lumbini é a cidade onde Buda nasceu, há cerca de 2500 anos, e hoje um dos pontos mais sagrados da religião.

No Nepal há duas formas bem distintas de viajar, uma por ônibus turísticos, que lembram muito os ônibus econômicos do Brasil, e a outra, através dos ônibus públicos. E como já nos tornamos bem locais, embarcamos na segunda opção.

Sem dúvida essa é a melhor forma de se conhecer os ‘verdadeiros’ nepaleses, e ver a vida como ela é. Mas nem tudo são flores, o processo pode ser bem sofrido. Normalmente, são veículos bem antigos, desconfortáveis e projetado para carregar pessoas com pernas bem menores que as minhas e as vezes até menores que as da Thaís. É mole? Daí, já viu, conforto zero.
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Não só isso, devido ao poder aquisitivo baixíssimo da população local, a única forma de viabilizar a maioria da linhas é através de super lotações, e os ônibus viajam na maior parte do tempo com duas ou até mais vezes sua capacidade. E adivinhe, desta vez não foi diferente.

Eu passei um terço da viagem dividindo um banco para dois passageiros com um homem e seu bebê de colo, o outro terço com uma mulher e uma criança de 10 anos e o trecho final fui em pé pois entrou uma senhora mais velha no ônibus e ninguém se manifestou para ceder o lugar. Sobrou então pra mim, provavelmente a pessoa mais alta da viagem (os nepaleses não são o povo mais baixinho que já conheci) para ir em pé no corredor, todo tortinho…
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Mas tudo é festa e a cena era tão engraçada que os locais se divertiram vendo o ‘espigão’ todo torto.
Um outro problema, provavelmente o maior de todos é o percurso, que apesar de ser uma das estradas mais bonitas que já conheci (não tive como fotografar pois estava muito apertado para tirar minha máquina da mochila) é super perigosa, bem estreita, a beira de vales altíssimos e formada somente por curvas, sem brincadeira, não lembro de nenhuma reta.

Imagine um liquidificador que cabe 20 pessoas, agora imagine que foram socadas 40 pessoas neste liquidificador e que além de bater em círculos, ele balança para cima e para baixo. Pois é, este é o sentimento dentro do ônibus. Não há ser humano que aguente. Quer dizer, eu e a Thaís até suportamos a viagem bem, mas os moradores locais não foram páreos para a aventura e, diria que provavelmente, 20 por cento do ônibus chamou o ‘Juca’ durante a viagem.

Se não fosse dramático seria engraçado, o cobrador fica todo o percurso distribuíndo saquinhos plásticos e cada pessoa tem um técnica diferente para dar a ‘gorfada’, uns são tão discretos que passam despercebidos, outros apoiam no parceiro, e alguns mais espaçosos pedem licença ao passageiro da janela antes da explosão final… ufa. Surreal.

Mas beleza, depois de 200 quilômetros percorridos em 8 horas, chegamos a Bhairawa, 20 quilômetros de Lumbini, agora é melzinho na chupeta. Só mais um taxi e em uma hora chegamos no nosso destino final.
Cansados, destruídos, mas vivos e felizes. Só falta energia para escrever sobre Lumbini, mas pode deixar que amanhã tem mais sobre a terra de Siddhartha Gautama.

Breaking news!! Antes que eu me esqueça. Após a Thaís aguentar firme à viagem de ônibus, foi só chegar na cidade que ela sucumbiu aos poderes da montanha e chamou o ‘Juca’. Mas pelo menos já estávamos no nosso destino final. Well done Thaís!